quinta-feira, 5 de novembro de 2009

No fim da tarde...

De longe sinto o cheiro dos incensos queimando,
e ouço as badaladas dos grandes sinos místicos.
O arrebol formando-se esplendorosamente
com aves que tecem a beleza do céu.

Em meio aos cristais e perfumados liquídos
passeiam as almas, gloriosas e nuas.
No alto um estandarte de flores
e no interior somente a vida.

Banhado de intensa luz bruxuleante,
sinto-me cada vez mais vivo.
Mesmo sobre perigosos espinhos,
desabrocha a essência da rosa.

Com o chamado da espiritualidade
e o canto manso do amor,
desperta-me a verdade
o fino manto da flor.

domingo, 1 de novembro de 2009

Trama

A DAMA
A TRAMA,
O OLHAR VÍTREO
DOÇURA
AMOR
CANDURA.
RASGA
O RASTRO
SANQÜINEA
FORMOSURA.

sábado, 31 de outubro de 2009

Estrelas

Existem momentos que percebemos as nossas vivências como
as mais importantes. São tolos momentos estes.
Não observamos há grandiosidade do viver e do universo,
não percebemos que a vivência do outro, seja o outro gente,
bicho ou estrela é essencial para nossa existência.
Como a noite some frente a luminosidade da estrela de brilho
natural, a relação egocêntrica dispersa-se com a iluminação
daquilo que não nos pertence.
São loucos os que não dialogam com os astros do firmamento,
mas ainda aqueles que não sentem a vida pulsar nestes mesmos
astros generosos.
A escuridão também é nossa, aceitemos tudo o que nos pertence,
as sombras fazem-se tão necessárias quanto as cores e as luzes.
Enfrentemos as nuvens espessas de névoa e prantos, acolheis a
dor, o vento frio, o amor e a presença do estranho.
Somente assim as estátuas e as lâmpadas serão destruídas e
um novo dia surgirá.

TRILHOS


Correndo velozmente no coração amargo e insano,
que de súbito pára de bater.
A dor tremenda das lembranças e os casos de um tempo alegre.
Como luzes de um refletor enorme, os episódios pesados e fúnebres
tomam conta do ócio da mente estúpida e vã.
O contato com o místico,metafísico, a divindade incomodam-me
sinto um desprezo eterno por estes assuntos que são banhados
de obscuridade feroz.
Meu corpo, concreto descartável e minha alma, ideal inútil,
se comprazem no joguete de interações grotescas com feras e titãs.
Acordo cansado do sonho febril e levanto-me tentando avistar o horizonte
longínquo, mas estranho é o que vejo.
A monstruosidade do meu todo disforme,
crucificado nos cárceres dos desejos.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Vita Tragoedia

Nas brincadeiras de crianças, há algo de tamanha grandeza e pouca consciência disso.
Somente na infância o Sol brilha forte e alegre todos os dias, os pássaros voam fugazes no céu azul, há flores de todas as cores, também é nesta época que experenciamos a variedade enorme de sabores.
Quando chegamos numa certa idade percebemos que as brincadeiras, os pássaros, e os sabores passaram, e o que nos resta é a grandeza.
Algo verdadeiramente, grandiosamente trágico.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Dama

Perfeita imagem
singular miragem
a dama esquia.
O olhar penetrante
o sapato, o turbante.
Andava passos rápidos,
membros lindos, lépidos.
O carinho promíscuo,
a palavra ambígua,
a mão escorregadia.
O leão rugia,
o ruge, o lupanar.
Salto alto na boca,
a meiguice quase louca,
no seio, o lembrete,
na cabeça o capacete.
Era assim a moça fugaz,
fantasma flutuante,
fruto fluorescente
de gás e rupinol.
Era a Dama Motoboy.

Uma Trama qualquer

Beberei a jarra de mel e cicuta,
a lâmina escura e dura de aço,
o ouvido tuberculoso escuta
o riso sarcástico e pobre do palhaço.

Na relva, que ressurge na primavera,
ao longe ouço o estalar do tiro.
Estraçalha-me os dentes da quimera,
o rastro rápido e obscuro do vampiro.

A lua espelha toda prateada,
o amor, os amantes, o drama forte.
A mulher nua, a face maquiada,
a traição, o coração, o chacoalhar da morte.

quarta-feira, 3 de junho de 2009


Todos os textos deste blog ( www.papeisk.blogspot.com)
são da autoria de Kleyson Matos, administrador do blog.

Diga não a pirataria!
Diga não ao plágio!


Paixonites da gramática N°1

No início era o verbo,
e o verbo fez-se carne,
e a carne era de primeira.
As desinências observaram,
uma Desinência especial
apaixonou-se pelo verbo,
e pela carne que foi criada.
O verbo e sua carne
também já olhavam 
para a desinência.
Eles encontraram-se,
conjugaram-se
e tiveram milhões
de empregos e 
verbinhos.

E viveram felizes para sempre....

Até uma conjugação do Verbo no adultério mais-que-perfeito
deixando a Desinência no futuro do passado.

Anúncio de jornal n° 1

José Pé-de-chinelo  procura:
Mulher sincera, bonita,fogosa
e que goste de trabalhar bem.
De mais ou menos 1,65 m
que cozinhe, dance xaxado,
goste de namorar, seja amiga
e amante, estude, dirija e seja
uma pessoa não fumante.

Interessadas:
Passem na Rua Dom nada
N° 100  Bairro: Miséria de todo gosto
Cidade: Indigentenopólis do bom sucesso.


A Caixa aberta

No entardecer do dia
o sol despede-se e vai em vão,
mas tuas mãos porque se foram?
Teus cabelos já tão grisalhos
a tua vida tão alegre e frágil.

Dentro da noite rápida
em que tudo é farsa e escuro,
do calor intenso e mórbido,
do frio espesso e inseguro,
tua vida saiu desesperada.

Meu choro não serviu de alento,
tudo constante, este momento
esperando você no cais,
mas apenas as ondas vinham
beijarem meus pés molhados.

A vela apagou cedo demais!
O tempo é muito gigante
e eu pobre infante, ou não?
O vento não veio cantando,
a lua não se vai amando.

A chuva agora chora
assim como eu, aqui a beira-mar,
tudo parece vago e monótono,
sem sol, está tão amargo
encarar a dor que insiste em ser.

terça-feira, 2 de junho de 2009

QUANDOAMORSEVAI (tudo junto mesmo)

Quando o Sol desaparecia no horizonte,
a Lua sorrateiramente apresentava-se
e todo o ar parecia ser feito de flores,
vi ao longe você caminhado em minha direção.

Chegando você olhou-me e disse:
Quero amar alguém perdidamente.
Nesse momento não pensei muito
e aceitei, o pedido e o olhar.

Aquela loucura não durou uma noite,
o amor veio, a esperança veio e
todos os outros bons sentimentos
que unem seres eternamente.

A tarde olhávamos para os pássaros,
quando noite brincávamos com estrelas.
Percebemos com esses momentos,
que o eterno  não fazia-se eternamente.

Sentimento de perda foi o que restou,
até os pássaros não cantam mais.
Meu amor foi tristemente,
por um arco-íris no verão.

Quando o Sol desaparecia no horizonte,
a Lua sorrateiramente apresentava-se
e todo o ar parecia ser feito de flores,
vi ao longe minha vida esvaindo-se.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Deus,
Te peço, que quando eu morrer
meu espírito não vá nem para o céu
e muito menos para um inferno.
Quero ficar sobre o mar,
sentindo o vai e vêm das ondas,
recebendo a brisa marítima e até mesmo
as tempestades.
Não quero que minha alma fique estável,
como os querubins das catedrais,e nem
desejo ser perfeito, a perfeição cansa os mortais.
E por último, nada te peço.
Agora agradeço-o.

Alucinações

  Numa noite fria
de um lugar noturno,
sobre o imenso frio
gélido,branco,impuro.
Cansado pende a mão,
e é todo, e é inteiro.
Sobe em contramão
caíndo, louco em vão,
cantando as desgraças.
Sou parte, fração,
canto descabido.
Sou trave,porta,portão.
Nunca vou, sou chão,
sou base,sou casa, casarão!
Meio a contragosto
Deus observa-me do alto
e cria comentários maldosos.
Triste é o fim da morte,
uma abstração simplória,
como uma puta banalizada
remoendo seu destino
impróprio, pátrio e defectível.

domingo, 31 de maio de 2009

DEVANEIOS

 Levantei-me e saí correndo disparado rumo a uma porta de madeira velha e surrada, ao abrir caí escada abaixo, uma escada cheia de sujeira e restos de alimentos.
 Ainda atordoado,corri, caçando algo para comer que não estivesse em decomposição, as luzes do salão negro brilhavam como holofotes, depois de um exame minucioso percebi que eram holofotes em meio dos corredores grandiosos com várias obras de arte expostas na parede cinzenta com manchas azuis.
  Meia hora de caminhada achei um bebedouro derramando água sem parar, sem alimentos, resolvi beber incessantemente aquela água fétida que se encontrava em minha frente. Sentado em um sofá, perto de uma escrivaninha molhada, adormeci um pouco enganando a dor estomacal terrível devido a fome, incrivelmente não tinha medo e nem desespero em relação a minha sorte, minha má estrela, meu carma.
  Meus pés frios denunciaram que a água do bebedouro encharcara o salão, que agora mais parecia um esgoto subterrâneo, subi em um móvel de madeira, procurei algo que pudesse conter o aguaceiro, mas nada adiantou, só encontrei em uma das gavetas um crucifixo, uma lupa e um preservativo com lubrificante.
  Agora o desespero começava a aparecer e minha pele empalidecera de súbito, os holofotes diminuíram sua luminosidade, quando olhei para o corredor mais longo, observei uma mulher.    Ela vinha em minha direção em passos rápidos, parou em minha frente e reconheci que não estava enganado, estava totalmente despida, e  balançando os cabelos longos e negros falou:
  - Meu nome é Proba, prevarica-me!
  Refleti sobre o mundo, sobre a vontade de potência, sobre o mal que Fausto fez a si próprio, como pagar as contas no fim do mês, e se os mitos fossem verdades, e se os filhos amassem os pais, e Vishnu, Matsia, Manu, Maadeva ou seus outros trinta avatares fossem reais.
   Proba segurou em meu braço, e repetiu:
  - Meu nome é Proba, prevarica-me!
  Saí em disparada por meio das águas, cheguei até o móvel, abri a gaveta e segurei o crucifixo, mas minha fé acabara, peguei a lupa e vi o mundo todo distorcido, só restou-me o preservativo. Finalmente aquelas obras serviram para algo, as obras eram boas para amortecer os impactos fortes e posições inimagináveis.
  Os restos de alimentos misturavam-se com o líquido fedorento do bebedouro, já destruído por um curto- circuito, os holofotes apagaram-se totalmente e meus pensamentos, não os tinha.
  Toda a fome terminara, o banquete foi servido com direito a sobremesa, sentado na escada olhava Proba nadar nua no salão imenso, levantei a fronte e no forro do teto havia a seguinte inscrição em latim: Plaudite amici, comoedia finita est!

segunda-feira, 20 de abril de 2009

DADÁS E CAFÉ

Dançei a vida inteira,
acompanhado de ninguém.

Liguei para a vida,
mas só dá caixa-postal.

Adote o pai,
e coma a filha.

Sou tácito,léxico,dietético
nada mais é tão culto.

Ás vezes sou tanto nada,
que pareço até tudo.

Meus crimes são tão secretos,
que até esqueci-me deles.

Um caos

Todos olharam ligeiramente, e lá estava uma pequena criança com um punhal na mão esquerda, e ao seu redor uma poça de sangue.
Os transeuntes que ali passavam, olhavam curiosos a cena constrangedora e indagavam
de quem seria todo aquele sangue e porque a criança executara o acontecido.
Uma velha senhora, que passava na rua tumultuada, encostou -se perto da criança e lançou-lhe a pergunta:
- Criança o que fizeste!? De quem é todo este sangue? porque tanto ódio em tua face?
A criança olhou fixamente nos olhos da velha que vestia um fino tecido de seda e com
um ar de deboche, desferiu a seguinte resposta:
- Este senhora é o sangue de Deus!
Todos ficaram assustados com tal resposta, mas a velha tomando força disse:
- Maldito! Amaldiçoado! Matou um deus? Louco, irás para o inferno.
Naquele momento o sol já desaparecia no horizonte e a criança também ia ao longe,
mas todos ouviam a risada de um mendingo e um caixeiro que repetia gritando:
- Nada há nada a temer! Viva!
Passando alguns meses, conclamaram a criança assasina e todos o nomearam de Deus.

A paixão: em Dafne e Apolo

Percorrendo o teu corpo,
encontro uma nova sinfonia.
Sonoramente estonteante,

mas completamente fugaz.

Teu corpo é campo silvestre,
tem cheiro deste campo silvestre.
E com seus movimentos tão ariscos
interpreta uma gata feroz.

Sob tua luva de camurça,
esconde as garras de felinos.
E tuas presas vorazes
tocam teus lábios docemente.

Ninfa de beleza superior
com teus cabelo ondulados.
Oh! Dafne não fuja de mim!
quero ser teu companheiro.

Flores belas de todas as cores,
minha flor cobriria-te de ouro.
Beleza sagrada de todos amores,
transformar-te em folha de louro.

Marinheiro da Juventude

Mergulha ao mar,marinheiro!
Primeira vez, lança-te ao mar,
não há conselho seguro,
não há proteção aos perigos gigantes.
segue ao vento, mas nunca deixa ele
desviar de teus cursos.

Pequeno, grande infante segue.
Segue com serenidade, mas segue!
Tira as amarras paternas,
mas sempre deixa elas em mão
para qualquer perigo acolher-te.

Faz amigos,viva a vida,ande!
Mas olha as verdadeiras amizades,
viva a vida com cautela,
ande por caminhos novos, mas que
você tenha previsão de onde te levarão.

E quando sentir-se mal, cansado
da primeira viagem,descansa
mas sem parar de pensar em
trabalhar no teu barco.

Navegue por mares calmos
tenha calma, coragem e humildade.
Sinta a transcedência experenciada,
a mudança deve ser constante
mas nunca deixe que mude as
tuas melhores virtudes.

Marinheiro de primeira viagem
olha o horizonte, recebe a brisa
e tenha o Sol como farol para
quiar-te ao teu destino incerto,
mas perceptível.

kleyson, Janeiro de 2006

Felicidade

Felicidade
alegria de loucos
Amizade
morada de surdos
Boa música
balada de mudos
Bom coração
banquete de feras

FELICIDADE

Felicidade
alegria de loucos
Amizade
abraço de mudos
Boa música
brincadeira de surdos
Bom coração
banquete de feras

O VASO

  1. Aconteceu em uma cidade ao longe de tudo, um fato inexplicável, aos olhos comuns das pessoas que ali moravam, um jovem morador, cujo nome era João Ninguém, uma pessoa
  2. com muita paciência,não envolvia-se em brigas e nada que pudesse prejudicá-lo.
  3. Um dia comum ao chegar em casa como sempre, João transparecia uma expressão cor-
  4. poral modificada, havia certa rigidez na face, e um humor tistonho que invadia-lhe a alma,
  5. João foi ao banheiro, abriu o chuveiro e sentiu em seu estômago um alongamento mas não
  6. ligou para tal fato.
  7. A mãe de João preocupada,notando a expressão do filho decidiu perguntar:
  8. - João aconteceu alguma coisa no trabalho?
  9. João com uma voz estridente robotizada respondeu:
  10. - O que aconteceu!? Fui despedido do emprego, fuí traído pela minha namorada, o mun-
  11. do está um caos, ninguém é sincero comigo, e você,mãe, pergunta o que!?
  12. Neste momento João saiu correndo até a rua em frente de sua casa, enquanto um gran-
  13. de número de curiosos assistia a cena, ele rasgou suas vestes, enrijecera mais e mais, bal-
  14. buciou e caiu no chão transformado em um vaso sanitário, para receber tudo de ruim do
  15. mundo,tudo de podre, tudo de merda, e naquele dim de tarde quente, o sol brilhou a últi-
  16. ma vez para o Ninguém, como diria Shakespearre:" Ser ou não ser,eis a questão e porra
  17. e tal.