sexta-feira, 17 de julho de 2009

Dama

Perfeita imagem
singular miragem
a dama esquia.
O olhar penetrante
o sapato, o turbante.
Andava passos rápidos,
membros lindos, lépidos.
O carinho promíscuo,
a palavra ambígua,
a mão escorregadia.
O leão rugia,
o ruge, o lupanar.
Salto alto na boca,
a meiguice quase louca,
no seio, o lembrete,
na cabeça o capacete.
Era assim a moça fugaz,
fantasma flutuante,
fruto fluorescente
de gás e rupinol.
Era a Dama Motoboy.

Uma Trama qualquer

Beberei a jarra de mel e cicuta,
a lâmina escura e dura de aço,
o ouvido tuberculoso escuta
o riso sarcástico e pobre do palhaço.

Na relva, que ressurge na primavera,
ao longe ouço o estalar do tiro.
Estraçalha-me os dentes da quimera,
o rastro rápido e obscuro do vampiro.

A lua espelha toda prateada,
o amor, os amantes, o drama forte.
A mulher nua, a face maquiada,
a traição, o coração, o chacoalhar da morte.